IHF faz uma análise das chances da seleção olímpica feminina para os Jogos de Tóquio
- Cláudio Moura
- 16 de jul. de 2021
- 5 min de leitura

Às vésperas do começo da Olimpíada de Tóquio/2021, a Federação Internacional de Handebol (IHF) faz um interessante análise das possibilidades do Brasil no torneio olímpico feminino. A equipe nacional vai para sua sexta participação cosecutiva no evento, buscando a tão sonhada medalha olímpica.
Ainda sobrando no continente, mesmo com a Argentina tendo obtido uma melhora razoável no último ciclo olímpico, seria fundamental para o Brasil, em nível mundial, ao menos chegar numa das semifinais, para confirmar que a evoução da modalidade dentre as mulheres, em especial a partir de 2009, não foi por acaso.
O Brasil figurou entre as seis melhores do mundo durante o período de 2012 e 2016, quando conquistou o título mundial em 2013, na Sérvia, o sexto lugar na olimpíada de de Londres/2012, e um quinto posto na Rio/2016. O espanhol Jorge Dueñas, medalha de bronze com o Espanha em 2012, assumiu o desafio de renovar parte do grupo que vinha sendo a base da seleção nas três últimas olimpíadas.
Mais de 50% das jogadoras do elenco atual vão a uma olimpíada pela primeira vez. A seleção vem mantendo um jogo competitivo e atua de igual para igual com qualquer outra gigante mundial. Os únicos históricos negativos e preocupantes no atual ciclo olímpico, foram o décimo oitava lugar no mundial de 2017/Alemanha, e o décimo sétimo em Kumamoto/2019, depois do título em 2013 e do nono lugar na Dinamarca/2015.
Fundamental, igualmente, é o Brasil superar a síndrome das quartas de final. Nas duas últimas olimpíadas, o time brasileiro terminou a fase de grupos em primeiro lugar, cruzando com o quarto colocado do outro grupo. Em Londres/2012, depois de um primeiro tempo vencendo por 13 a 9 a Noruega, o Brasil foi derrotado depois de um apagão de 11 minutos, quando o sete brasileiro não marcou um único gol.
Em casa, em 2016, o mesmo terrível quadro. Como primeiro do seu grupo, enfrentou a Holanda, atual campeã mundial, e perdeu por onze gols de diferença dando adeus, mais uma vez, às chances de pódio. Talvez seja melhor o Brasil ficar na terceira ou quarta posições na fase de grupo, pois o suposto favoritismo nas quartas de final não trazem boas lembranças para o handebol feminino do Brasil.

A seguir, o texto da IHF abordando a seleção feminina do Brasil...
Desde que as brasileiras se classificaram para a estreia nos Jogos Olímpicos em 2000, elas estão em alta. Seu 8º lugar em Sydney 2000 foi seguido por um melhor em Atenas 2004 e depois um ligeiro solavanco em Pequim 2008 (9º), e nas duas últimas edições - 6º em 2012 e 5º em 2016 destacam a progresso do time verde e amarelo.
É claro que o quinto lugar do Rio 2016 em casa no Brasil machucou, pois elas foram derrotados pela Holanda nas quartas-de-final, quase por dois dígitos (32:23). No mesmo torneio havia sofrido apenas uma derrota - nas mãos da Espanha na fase preliminar - e é o então técnico espanhol Jorge Dueñas quem agora comanda as brasileiras, tendo assumido o cargo em meados de 2017. Duenas sabe o que é preciso para chegar ao pódio olímpico - um bronze de Londres 2012, quando seu time espanhol venceu a República da Coreia do Sul em tempo adicional na partida de classificação 3/4, é uma prova disso e ele não perdeu tempo em colocar seu time no estado de espírito certo para Tóquio 2020.
No Rio 2016, o time espanhol terminou em sexto depois de perder em tempo adicional para a medalha de prata França nas quartas-de-final, após uma recuperação quase inacreditável dos franceses no intervalo, que perderam por 5:12 e com a França (e Espanha) em O técnico do grupo de Tóquio, do Brasil, não precisa de motivação extra.
Para muitas nações fora da Europa, a falta de desafio continental pode ser um problema, mas as mulheres brasileiras provaram repetidamente que são uma força a ser reconhecida no cenário global, principalmente quando venceram o IHF Women's World 2013 Campeonato da Sérvia - apenas a segunda vez que a competição foi vencida por uma seleção não europeia. Naquela época, e ainda protagonistas agora, estavam a goleira Bárbara Arenhart, a lateral-esquerda Eduarda Amorim Taleska e a ala direita Alexandra do Nascimento.
“É o sonho de todo atleta competir nas Olimpíadas e não é diferente para nós”, disse Arenhart ao ihf.info. “Estamos treinando forte para enfrentar adversários muito difíceis e mostrar que podemos estar no mesmo nível que as cinco seleções europeias do nosso grupo. Estamos sonhando grande e trazendo toda a energia, humildade e coração da equipe para lutar por uma medalha. ”Arenhart foi nomeada na Seleção All-star do Campeonato Mundial de 2013, mas a incontestável estrela feminina brasileira é a jogadora conhecida simplesmente como 'Duda'.

Babi Arenhart, segurança e experiência no arco brasileiro
A lateral-esquerda Eduarda Amorim Taleska tem servido de inspiração para muitos jogadores de handebol e torcedores não só em casa na América do Sul, mas em todo o mundo com sua qualidade e estilo de jogo tanto no ataque quanto na defesa, domínio da quadra, sua descontração e atitude positiva. Duda se tornou uma verdadeira superestrela no clube húngaro Győri Audi ETO KC, uma equipe onde ela venceu tudo em nível de clube inúmeras vezes, mas um clube do qual ela anunciou que deixaria depois de mais de 12 anos no início deste ano, após anunciar inicialmente sua aposentadoria do esporte.
No entanto, ela continuará jogando depois de Tóquio, quando foi revelado em fevereiro que ela se juntaria ao clube russo Rostov-Don. “Eu tinha planos de parar, mas esta nova oportunidade apareceu e decidi aproveitá-la”, disse ela na época a Győr. “Não foi uma decisão fácil de tomar, é claro, mas sinto que um novo desafio será bom para mim. Gostaria de ver como é trabalhar com um ambiente diferente e com impulsos diferentes. Não estou ficando mais jovem e esta é minha última chance de experimentar um lugar diferente. ”

Duda Amorim, a grande liderança do Brasil
Tóquio 2020 será a quarta Olimpíada consecutiva de Duda e ela tentará adicionar outro prêmio a seu gabinete de troféus quase cheio, que também inclui o prêmio IHF Feminino de Handebol Feminino do Ano, 2013 IHF Women's World Championship MVP, cinco EHF Champions, Títulos da liga e quase 30 prêmios de clubes nacionais na Macedônia do Norte e Hungria.
No mês passado, ela foi eleita para a equipe All-star da Liga dos Campeões 2020/21 da EHF como a melhor defensora. Duda, que também é capitão do Brasil, deixou claro o que vem pela frente.“Não é uma tarefa fácil para o Brasil”, disse ela ao ihf.info. "Estamos em um grupo muito difícil, mas isso nos dá uma motivação extra para dar o nosso melhor na preparação."
Deve-se ter cuidado, pois o Japão não tem sido gentil com o Brasil nos últimos anos. No Campeonato Mundial Feminino IHF 2019 em Kumamoto, a equipe de Dueñas nem sequer conseguiu sair do grupo preliminar, terminando em 17º, uma ligeira melhora em relação ao ranking do Campeonato Mundial 2017, o 18º.

Principais jogadores: Bárbara Arenhart (goleira), Eduarda Amorim (lateral esquerda), Bruna de Paula (lateral direita).
Qualificação para Tóquio 2020: Jogos Pan-americanos 2019 - 1º lugar.
História nos Jogos Olímpicos: 2000: 8, 2004: 7, 2008: 9, 2012: 6, 2016: 5.
Grupo em Tóquio 2020: Grupo B (Brasil, França, Hungria, Rússia, Espanha, Suécia).

Fotos, arquivo da CBHb; arte e logomarcas, COB e COI.
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