A dificílima tarefa do handebol masculino de avançar às quartas de final em Tóquio/2021
- Cláudio Moura
- 20 de jul. de 2021
- 5 min de leitura
Atualizado: 22 de jul. de 2021

Pela segunda vez na história do handebol masculino nas olimpíadas teremos as duas maiores forças do continente participando do evento. Em 2016, no Rio de Janeiro, Brasil e Argentina participaram juntos pela primeira vez. O Brasil conseguiu avançar às quartas de final e foi derrotado pelo França, terminando na sétima colocação. A Argentina, que na primeira fase estava no outro grupo que não o do Brasil, terminou em décimo lugar, a mesma posição conquistada em Londres/2012, na sua estreia em olimpíadas.
Em Tóquio, a Argentina obteve a vaga continental como título do Jogos Pan-Americanos de Lima/2019. O Brasil garantiu presença em Tóquio/2021 via pré-olímpico, eliminando Coreia do Sul e Chile. A Nouruega ficou com a primeira vaga e o Brasil com a segunda. No sorteio de grupos para os jogos de Tóquio, Brasil e Argentina ficaram num grupo com três gigantes da modalidade (Alemanha, Espanha e França), além da Noruega, a seleção que mais evoluiu no último ciclo olímpico.
Para ter alguma chance de avançar de fase, Brasil e Argentina terão que vencer pelo menos um dos quatro europeus, além de fazer uma batalha regional muito equilibrada em que o vencedor avançaria de fase. Caso isso ocorra, quem vencer o duelo, entra nas quartas de final provavelmente com a última vaga do grupo A, o que significa,com quase certeza, cruzar no mata/mata com a Dinamarca (atual campeã olímpica e mundial) ou com a Suécia, (vice-campeã mundial e com quatro medalhas de prata olímpicas).
Aos adeptos brasileiros e argentinos, a única coisa que resta é torcer para que suas equipes façam partidas épicas, praticamente sem erros, e consigam derrubar a lógica, que está colocada desde o sorteio dos grupos, com Davi vencendo Golias, como na história bíblica.

A seguir, matéria publicada pela Federação Internacional de Handebol (IHF)...
Dois continentes estão representados em um Grupo A, bem equilibrado no torneio masculino dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2021. Potências sul-americanas Argentina e Brasil vão tentar montar um desafio e surpreenderem contra as quatro gigantes europeias, com França, Alemanha, Noruega e Espanha, e esperam avançar para as quartas de final.

Kristian Bjørnsen, ponteiro direito e destaque da Noruega
Das seis seleções do grupo, a Espanha teve o melhor resultado no 27º Campeonato Mundial Masculino da IHF, que aconteceu no Egito em janeiro, quando "Los Hispanos" arrebataram a medalha de bronze depois de perder uma semifinal difícil contra a Dinamarca. A Espanha é de longe a seleção mais experiente da competição, com uma média de idade de 33,18 anos, já que o técnico Jordi Ribera embarcou pela última vez para uma fase final com jogadores como o zagueiro Raul Entrerrios ou o atacante Julen Aguinagalde, extremamente veteranos. E, pela aparência das estatísticas, a Espanha pode ter uma receita vencedora nas mãos. Seu domínio contra a Noruega está bem documentado, já que os escandinavos perderam 17 dos últimos 18 jogos contra a Espanha, empatando apenas um.
O último encontro foi no Egito 2021, quando a Espanha dominou as quartas-de-final, vencendo por 31:26. No entanto, a Espanha não tem um recorde de vitórias contra a França, apesar da vitória de 35:29 no jogo pela medalha de bronze no Egito 2021, já que "Les Experts" garantiram 21 vitórias em 37 jogos contra o time espanhol, enquanto a Espanha apenas venceu 12 vezes. No entanto, nos Jogos Olímpicos, a França venceu seis dos sete jogos mútuos, com a dupla se encontrando em cada torneio olímpico entre 1996 e 2012. A Espanha também dominou a Alemanha historicamente, com 18 vitórias em 26 jogos, em oposição às seis da Alemanha, incluindo três em quatro partidas nos Jogos Olímpicos. No entanto, a Alemanha venceu o mais importante, 32:30 nas quartas-de-final em Atenas 2004.

Raúl Entrerríos, de 40 anos, 267 jogos pela Espanha
'Los Hispanos' também tem um histórico impecável contra Brasil e Argentina em jogos oficiais. Antes do Egito 2021, a Espanha venceu todos os sete jogos contra o Brasil, incluindo um em Pequim 2008, 36:35, mas só conseguiu empatar em seu jogo de abertura no 27º Campeonato Mundial Masculino da IHF contra o time sul-americano, 29:29. Contra a Argentina, a Espanha venceu os três jogos oficiais, mas as duas seleções se conhecem bem, com vários amistosos vencidos pela Espanha nos últimos dez anos. Se os resultados anteriores fossem um fator decisivo, a França garantiria perfeitamente a progressão para a fase eliminatória em Tóquio 2020. 'Les Experts' têm um saldo positivo contra todos os adversários do grupo. O lado francês venceu 11 dos 21 jogos disputados contra a Alemanha, com esta última vencendo apenas sete jogos. A França também venceu três das quatro partidas mútuas nos Jogos Olímpicos, incluindo uma vitória de 29:28 nas semifinais no Rio 2016.
Com sete vitórias em sete jogos contra Argentina e Brasil, a França deve ser favorita contra times da América do Sul, enquanto o jogo contra a Noruega também será uma chance de melhorar seu recorde de confrontos diretos, que é de 13 vitórias em 21 jogos, incluindo uma vitória de 28:24 na rodada principal no Egito 2021 há apenas seis meses. De volta aos Jogos Olímpicos, pela primeira vez desde 1972, a Noruega está se classificando como favorita para avançar para o final do torneio. O time tem saldo positivo contra a Alemanha, com três vitórias e dois empates em seis jogos, além de manter o recorde do confronto direto com o Brasil, com cinco vitórias em cinco jogos, incluindo uma vitória por 32:20 na Eliminatória Olímpica realizada em março último em Montenegro. A seleção escandinava também enfrentará a Argentina pela primeira vez em um jogo oficial.

Nikola Karabatic, francês bicampeão olímpico e prata na Rio/2016
Com vários jogadores de volta ao elenco, após o declínio da participação no Egito 2021, a Alemanha vai tentar se recuperar depois de um decepcionante 12º lugar no Campeonato Mundial Masculino da IHF. Eles nunca perderam um jogo contra a Argentina em quatro tentativas, enquanto o Brasil conquistou apenas uma vitória contra a Alemanha em 10 partidas, um jogo heroico de 33:30 nos Jogos Olímpicos Rio 2016. No último jogo entre as duas equipas, a Alemanha garantiu uma vitória por 31:24 na jornada principal do Egito 2021, com o time europeu a obter também uma vitória convincente por 36:26 num jogo amistoso que decorreu em Nuremberg/Alemanha no dia 9 de Julho.

Andreas Wolff, gigante de 2 metros, no arco alemão
O duelo sul-americano entre Argentina e Brasil certamente será o destaque do torneio para as duas seleções, em uma formação repleta de estrelas europeias do Grupo A. Historicamente, o Brasil detém os melhores resultados de confrontos diretos, dentre jogos oficiais e amistosos, a partir de 1972, com 27 vitórias, 19 derrotas e 4 empates. No entanto, a Argentina avançou muito nas últimas duas décadas, disputando palmo a palmo a hegemonia nas Américas. Os alvicelestes garantiram vitórias no jogo crucial do Campeonato da América do Sul e Central (25:24) em janeiro de 2020, no Brasil, e também na final do Pan-Americano de 2018 na Groenlândia (29:24). O Grupo A começa na sexta-feira, 23 de julho, com a Noruega contra o Brasil, a França contra a Argentina e a Alemanha contra a Espanha.

Haniel Langaro, do FC Barcelona, grande destaque do Brasil

Diego Simonet, armador-central argentino, e craque do time

Com fotos e informações da IHF; arte, CBHb.
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