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Um balanço do handebol masculino nos Jogos Esportivos Pan-Americanos de Lima/Peru

  • Cláudio Moura
  • 14 de ago. de 2019
  • 5 min de leitura

Os Jogos Esportivos Pan-Americanos de Lima/Peru terminaram no último domingo, 11 de agosto, e deixaram para o "Time Brasil" o melhor resultado da história dos Pans, com o país ficando como a segunda força continental no quadro de medalhas, o que não ocorria desde 1963, quando os Jogos foram disputados no Brasil.

De parabéns todos os atletas, com suas comissões técnicas e seus esforços pessoais, que conseguiram fazer evoluir os resultados do esporte olímpico, independentemente da cartolagem do COB e das Confederações, que na sua maioria continua muito mais preocupada com a política dos bastidores do que com o esporte, propriamente dito.

A seguir, uma análise de como ficou o quadro de forças no handebol masculino nas Américas depois da grande surpresa que foi o Brasil não ter chegado à grande final. A Argentina conquistou o título e a vaga continental. O Chile, com a prata, vai participar de um dos grupos do Pré-Olímpico em abril de 2020.

O Brasil ainda tem chances razoáveis de participar de um dos grupos do Pré-Olimpico. Tudo dependerá do campeonato europeu e do africano, que serão disputados em janeiro de 2020. Em um outro post será detalhado o que precisa ocorrer para que o Brasil volte a sonhar com uma vaga em Tóquio/2020.

Argentina, bicampeã dos Jogos Pan-Americanos (2011 e 2019)

A seleção alviceleste foi com absoluto merecimento a campeã em Lima/2019. Fez uma excelente primeira fase, no grupo B. Venceu com autoridade, mesmo com partidas equilibradas, contra o Chile e Cuba, todas os jogos. Sua única vitória com mais folga foi sobre os Estados Unidos.

Numa das semifinais, contra o México, venceu com tranquilidade, de ponta a ponta, por vinte gols de diferença. A final reservou à Argentina um novo confronto, novamente muito equilibrado, com os chilenos. Outra vez a maior experiência em finais premiou o sete argentino, que em momentos cruciais da partida fez prevalecer sua superioridade, com um time que vem sendo renovado com sucesso pelo técnico espanhol Manolo Cadenas, desde de 2016.

Chile, primeira prata nos Jogos Pan-Americanos

A seleção transandina colheu, depois de uma década de notável desenvolvimento no handebol masculino, uma medalha de prata, que deu chances dela lutar por uma vaga a Tóquio/2020 no Pré-Olímpico/2020. Diferentemente do que parte da imprensa esportiva diz, o Chile não foi uma zebra nas finais.

Foi o coroamento do trabalho da primeira grande e talentosa geração de chilenos que começa a aparecer por volta de 2007. Com a ida de mais de duas dezenas de jogadores para o handebol europeu e o trabalho na comissão técnica do Argentino Fernando Capurro e depois do espanhol Mateo Garralda, que o sucedeu, em 2015, os chilenos progrediram muito e já são uma das três forças do handebol continental com participações em cinco mundiais consecutivamente (2011, 2013, 2015, 2017 e 2019).

Brasil, único país a conquistar medalhas, nas nove edições no masculino

A participação do Brasil no torneio masculino, mais do que nunca, era cercada de muita expectativa, principalmente depois do nono lugar no Mundial da Alemanha/Dinamarca, em janeiro de 2019: a melhor colocação de uma seleção adulta masculina da América do Sul em um Mundial.

O grupo, praticamente o mesmo do Mundial de janeiro, apresentou um handebol abaixo do esperado já na fase de grupos, onde ficou ao lado de Peru, do México e de Porto Rico, seleções bem mais fracas do que as do grupo B.

As partidas irregulares, com falhas defensivas e erros constantes no ataque, eram um diagnóstico do que viria ocorrer no futuro. Quando o Brasil cruzou com o Chile, numa das semifinais, cometeu alguns erros, mesmo num jogo equilibardo, que foram fatais. Derrota por 32 a 29 e o adeus às chances do tetracampeonato.

México, primeira semifinal nos Jogos Pan-Americanos

Os mexicanos ficaram no lucro com a quarta colocação no torneio masculino. Mesmo que tenham melhorado o nível técnico da sua equipe nos últimos quatro anos, os astescas ainda estão longe de ser uma das equipes mais competitivas do continente.

O México ficou com a segunda colocação no grupo do Brasil e teve direito a disputar uma das semifinais, mas foi batido com facilidade pela Argentina. O handebol mexicano é praticamente amador, com poucos profissionais jogando no exterior. Em suma, o México chegou à semifinal muito mais pelo nível muito fraco dos outros dois candidatos à vaga: Porto Rico e Peru.

Jorge Luís Paván, um dos "estrangeiros" da seleção cubana

Cuba ficou com a quinta colocação no Pan de Lima. Fez boas e equilibradas partidas na fase de grupos, mesmo perdendo todos os jogos. Foi derrotado pelos Estados Unidos por um gol e pela Argentina por dois de diferença. O único jogo em que o sete caribenho esteve mal em quadra foi o de estreia contra o Chile, quando perdeu por 10 gols de diferença.

Na disputa de quinto a oitavo lugares, Cuba passou sem dificuldades por Porto Rico e Estados Unidos. Jogando, pela primeira vez, com 11 atletas profissionais, que atuam na Europa, os cubanos apresentaram uma equipe forte e competitiva. O fator negativo é que os "estrangeiros" todos têm mais de trinta anos, o que acabou dificultando as ações cubanas em especial na defesa, e que impossibilitou que a equipe da ilha avançasse às semifinais.

O desafio para o handebol cubano no futuro é renovar sua seleção tendo como base atletas que joguem na Europa, que sejam mais jovens e queiram atuar pelo país. Há cerca de 30 cubanos com idades entre 22 e 27 anos jogando na Europa; muitos deles não se naturalizaram por outros países.

Estados Unidos, sextos colocados em Lima/2019

O handebol estadunidense, de pouca tradição no continente, vem passando por uma reformulação em suas seleções, visando fazer um bom papel na Olimpíada de 2028, que será jogada em casa, em Los Angeles.

Portanto, o trabalho é a médio prazo. A confederação local vem trabalhando para profissionalizar a modalidade com ligas mais atraentes e competivas. Enquanto isso ainda não ocorre, o time masculino, mesmo ficando com o sexto lugar, já apresentou uma notável evolução no últimos 12 meses, com jogadores que atuam em ligas intermediárias da Europa. A maioria deles, filhos de estadunidenses ou naturalizados.

Porto Rico, sétimo lugar em Lima/2019

Porto Rico é a típica seleção promessa de futuro...que nunca chega. Com alguns bons valores individuais, ainda carece de regularidade nas partidas e de um jogo coletivo mais eficiente, com muitos altos e baixos.

Durante o período em que Cuba esteve em baixa no Caribe, em especial de 2003 a 2015, por problemas econômicos, Porto Rico dividiu com a República Dominicana a hegemonia no handebol masculino, mas em competições continentais e mundiais as duas seleções sempre ficam devendo melhores resultados.

Peru, os donos da casa, terminaram em oitavo e último lugar

O handebol é um esporte novo no Peru. Pouco mais de dez anos da fundação da federação local e do começo das primeiras participações em jogos internacionais. Mesmo com cinco derrotas, os peruanos avançaram um pouco no nível técnico. Já não cometem erros de fundamentos como há alguns anos.

Contra o Brasil, na fase de grupos, chegou a fazer uma boa metade de segundo tempo, contando com um goleiro que apresentou uma boa atuação, além de algumas interessantes ações ofensivas. Ainda falta volume de jogo e um pouco mais de malícia, o que só o tempo poderá proporcionar à equipe nacional. Isso tudo dependerá de como a federação peruana tratará o esporte depois de Lima/2019.

Fotos e arte, Odepa e arquivos da internet.

 
 
 
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