Cuba reorganiza o handebol interno para voltar à elite continental
- Cláudio Moura
- 6 de fev. de 2019
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Os cubanos, em especial no masculino, vêm desenvolvendo, desde 2016, um trabalho de reorganização na sua estrutura interna para tentar voltar à elite do handebol nas Américas, atualmente comandada por Brasil, Argentina e Chile.
Cuba, a partir de 1975, quando começou a disputar competições internacionais, notabilizou-se rapidamente como a maior força das Américas. Foi oito vezes campeã continental, três vezes dos Jogos Esportivos Pan-Americanos, jogou sete mundiais e participou de duas Olimpíadas: Moscou, 1980 e Sydney, 2000.
Nos anos 1990, a ilha socialista de Cuba viveu a sua pior crise econômica, com o desmanche do bloco socialista, que sempre ajudou economicamente Cuba, inclusive no campo esportivo. Os cubanos fizeram a sua última grande campanha no Mundial do Egito, em 1999, quando ficaram com a oitava colocação, a melhor de um país americano em um Mundial masculino.

A partir do começo de Século Vinte e Um, o handebol como esporte competitivo no cenário internacional, foi descontinuado. O Comitê Olímpico Cubano teve que escolher os esportes individuais como o boxe, o atletismo e o judô como os prioritários, até pelo custo menor para a preparação dos atletas.
O esporte em Cuba é amador, e com a escassez de recursos financeiros muitos deles deixaram de participar de competições internacionais ou perderam a excelência, como foi o caso das equipes de vôlei masculino e feminino, mundialmente conhecidas pela qualidade dos seus atletas.
O handebol masculino despencou na sua estrutura. Uma série de grandes atletas foi jogar na Europa a partir de 1998, nas Ligas húngara, islandesa, italiana, espanhola e portuguesa. As seleções de base desapareceram e o handebol, mesmo com um imenso potencial, continuou ativo e organizado apenas nas escolas, nas universidades e nas forças armadas, onde sempre foi muito forte e o núcleo pioneiro da modalidade na ilha.

Luis Enrique Delisle (à esquerda), técnico da seleção adulta e Jover Hernández, auxiliar técnico
A partir de 2017, a Federação Cubana de Handebol começou a admitir jogadores profissionais e que jogam no exterior. Cerca de vinte e cinco jogadores, alguns bem experientes, se prontificaram a jogar na seleção nacional. Cuba tem atualmente mais de 50 jogadores atuando nas ligas europeias, sendo que quase a metade destes se naturalizou e joga por outras nações.
Os cubanos estavam entusiasmados para tentar uma vaga em um Mundial, depois de quase uma década de ausência. Por problemas com os vistos de entrada, a seleção caribenha não pode participar do Pan-Americano da Groenlândia, em 2018, frustrando a oportunidade de novos e velhos atletas retornarem a um mundial, no caso o da Alemanha/Dinamarca, que foi disputado em janeiro de 2019.
Agora os sonhos de Cuba se voltam para os Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em Julho de 2019, onde tentará a duríssima tarefa de conquistar uma vaga para Tóquio/2020, sendo campeão do torneio ou ficando na segunda colocação, o que daria direito a Cuba de participar do Pré-Olímpico. Brasil e Argentina são os principais favoritos ao título.

Cuba chega ao Pan de Lima depois de conquistar o título dos Jogos Centro-Americanos e Caribenhos, ao bater na final a seleção de Porto Rico, em Barranquilla/Colômbia, em 2018. Os cubanos chegaram a perder a hegemonia na região, nos últimos anos, para a República Dominicana e para Porto Rico.
Depois de superar um momento difícil, onde até bolas, quadras e traves eram raras na ilha, Cuba tem tudo para voltar a ser grande no handebol, com um jogo muito físico e de excelentes atletas na parte técnica. Isso seria muito bom para o desenvolvimento do handebol das Américas. Os cubanos são naturalmente talentosos em esportes coletivos com o uso da bola.
