Handebol cubano masculino perde a hegemonia continental no século 21
- Cláudio Moura
- 4 de abr. de 2016
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de dez. de 2020

O handebol cubano, em especial o masculino, foi durante as décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990 a maior potência no Continente Americano, com oito títulos Pan-Americanos, três medalhas de ouro nos Jogos Desportivos Pan-Americanos e com a melhor colocação de uma seleção do continente em um Mundial adulto: o oitavo lugar, no Cairo/Egito, em 1999. A primeira derrota em jogos oficiais, em mais de três décadas, para uma seleção do continente ocorreu nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis, em 1987, para os Estados Unidos, que jogaram com uma seleção que incluía vários europeus naturalizados.
Com o fim do bloco socialista, no início da década de 1990, Cuba, que tinha intercâmbio esportivo com a maioria dos países socialistas, fortes no handebol, perdeu terreno na modalidade. A ilha foi atingida por uma grande crise econômica, o que obrigou o governo cubano a racionalizar os recursos, apostando suas fichas em esportes individuais pelos custos serem menores. Com isso, o handebol perdeu o intercâmbio e passou muitos anos sem participar das competições de ponta, cedendo a hegemonia continental para a Argentina, o Brasil, e, nos últimos anos, para o Chile.
Somente disputando competições no Caribe e, às vezes, o Pan-Americano da modalidade, além dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, Cuba começou a sofrer com deserções de jovens talentos como Rafael Capote, hoje jogando pelo Qatar, e Carlos Mirabal, que joga no Brasil, na Metodista, de São Bernardo do Campo/SP. Os dois atletas desertaram em 2007 durante o Pan-Americano do Rio de Janeiro.
Estima-se que mais de 40 jogadores cubanos deixaram a ilha nos últimos 18 anos. Alguns desertaram e outros fizeram acordos com o governo cubano para jogar fora do país. Há handebolistas cubanos jogando na Europa, na Ásia e nas Américas, alguns deles com passagens por seleções de outros países, como Rolando Urios, que jogou pela Espanha; Ivo Diáz e Carlos Pérez, que jogaram pela Hungria; e, atualmente, Alfredo Quintana, goleiro do FC do Porto, que vem sendo convocado para a seleção portuguesa.
Só há um jeito de Cuba voltar a ser forte no handebol masculino: permitir que os seus atletas que jogam no exterior como profissionais sejam convocados para a seleção nacional, o que, atualmente, só acontece com os jogadores que atuam na ilha.
Atletas de qualidade nas escolas e nas universidades, não somente no handebol, Cuba continua revelando, conforme a política nacional do desporto, que começou a ser massificada a partir da Revolução Socialista de janeiro de 1959.
A seguir, alguns atletas do handebol cubano que jogam no exterior.

Ivo Diáz, ex-armador central das seleções cubana e húngara

Carlos Pérez, ex-lateral esquerdo das seleções cubana e húngara

Rolando Urios, ex-pivô das seleções cubana e espanhola

Rafael Capote, ex-lateral esquerdo da seleção, que hoje joga pela seleção do Qatar

Alfredo Quintana, goleiro naturalizado português

Carlos Mirabal, ponteiro esquerdo, ex-jogador da seleção cubana. Mora no Brasil desde 2007 e joga na Metodista de São Bernardo do Campo/SP